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Cross border: o que é, como fazer e quais as vantagens?

Por Jessica Azevedo

2 anos atrás
Imagem ilustrativa de cross border

O cross border é o comércio direto de produtos entre países diferentes. O maior exemplo dessa modalidade no Brasil são as compras de mercadorias de fabricantes e lojistas chineses por meio de marketplaces. O caminho inverso, porém, também é uma oportunidade para lojistas.

Fatores monetários, produção em massa e isenções fiscais ajudam a explicar os preços extremamente competitivos dos produtos fabricados na China. Dentro do varejo, isso é uma grande oportunidade, tanto para quem importa produtos chineses para revender, quanto para quem atua com dropshipping.

Outros países, como Reino Unido, Alemanha e EUA são também importantes para o cross border brasileiro, mas é o gigante asiático que caiu no gosto dos pequenos lojistas e consumidores por aqui.

Com a ajuda de marketplaces e outros facilitadores, a enorme distância entre os países foi “encurtada”. Além disso, negociações com um grande número de fábricas e isenção de impostos para pequenas compras permite que os produtos cruzem o mundo sem perder o preço competitivo.

O que muita gente não sabe é que a compra direta de mercadorias brasileiras por consumidores de outros países também cresce, e pode ser uma ótima oportunidade para empreender.

Neste artigo, explicamos tudo o que você precisa saber sobre cross border, além de dicas para investir nessa grande tendência do e-commerce!

O que é uma operação cross border?

Cross border, ou “comércio transfronteiriço” (que atravessa fronteiras), é a comercialização de produtos entre vendedores e clientes de países diferentes. O grande destaque deste modelo de importação/exportação é que as compras são realizadas por pessoas físicas.

É diferente da importação tradicional, em que uma empresa compra produtos do exterior e os revende em território nacional. Nesse caso, a compra final se dá apenas entre o consumidor e o lojista local.

No cross border, os produtos são comprados diretamente de fabricantes e lojistas de outros países, embora possam existir plataformas ou vendedores intermediários que fazem a ponte entre as duas partes (dropshipping).

Nessa modalidade, o consumidor realiza uma compra internacional e, como pessoa física, tem isenção de impostos para mercadorias de até US$ 50 (cinquenta dólares). Essa determinação do Ministério da Economia torna a importação de pequenos itens mais vantajosa do que a tradicional. 

Estabelecimentos regularizados (com CNPJ) que trabalham com importação não contam com essas isenções fiscais, por isso, precisam repassar o valor de impostos para o cliente.

Quais são as principais formas de importação e exportação?

O comércio cross border pode variar de acordo com a infraestrutura logística, assim como a presença ou não de intermediários. Confira os dois principais meios adotados no mercado brasileiro.

Importação e exportação direta

Como o próprio termo diz, neste tipo de transação não existem intermediários. O consumidor de um país A compra um produto do lojista de um país B, que providencia o envio da mercadoria por conta própria.

Isso dá total controle da operação ao comerciante, mas exige conhecimentos e investimento em logística. A infraestrutura pode variar muito de um local para outro, assim como os valores. Há também de se considerar a contabilidade e as obrigações fiscais de cada jurisdição.

No Brasil, dependendo do item importado, é possível conseguir isenção no ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e no IPI (Impostos Sobre Produtos Industrializados), mas o custo de transporte, na maioria das vezes, é relativamente alto.

Importação e exportação indireta

Na transação indireta, empresas intermediárias realizam a ponte entre lojistas e consumidores de países diferentes, quase sempre disponibilizando opções facilitadas de despacho de mercadorias e cotação de frete.

É o método de cross border mais comum, pois reduz significativamente os investimentos necessários para dar vida ao negócio, assim como viabiliza condições logísticas e fiscais que empresas menores jamais conseguiriam por conta própria.

Entre esses intermediadores, temos os marketplaces que fazem enorme sucesso no Brasil e em outros países, como Shopee, Mercado Livre e AliExpress. 

Por meio de negociações com diversos fabricantes e comerciantes, além de parcerias com grandes transportadoras nacionais e internacionais, essas plataformas conseguem cotações extremamente atrativas para seus usuários, isso quando não oferecem frete grátis para boa parte dos produtos.

Como fazer cross border?

Diante dessa realidade, ficou interessada em expandir suas vendas para fora do país? Ou, quem sabe, atuar com dropshipping, disponibilizando produtos importados para clientes do Brasil, sem precisar de estoque?

Tudo isso parece muito bom, mas antes de realizar qualquer investimento, é fundamental se planejar. Apesar de ser uma modalidade de comércio relativamente nova, já existe uma grande concorrência concentrada em segmentos consolidados no varejo. Além disso, existem normas e legislações que podem dificultar muito a entrada de mercadorias brasileiras em outros territórios.

Sendo assim, é preciso se atentar a alguns pontos antes de mergulhar de cabeça no cross border. Confira.

Mercado

Parece óbvio, mas frequentemente passa despercebido entre as diversas facilidades prometidas por influenciadores e gurus da área. Lembre-se que o transporte internacional sempre terá uma enorme desvantagem em relação aos comerciantes locais: o tempo de entrega.

Em um cenário onde as entregas rápidas caem cada vez mais no gosto dos clientes, compras que levam até 3 meses para chegar enfrentam uma grande resistência do público. Pior ainda quando o custo do frete é elevado, situação que é difícil de contornar quando não se despacha mercadorias em grande volume.

Além de ser quase sempre obrigado a trabalhar com preços de produto e frete muito baixos, você precisará levar em conta o câmbio, ou seja, a troca de moedas de nações diferentes. Todos esses objetivos são atingidos mais facilmente com a ajuda de grandes plataformas, mas é preciso cautela ao escolhê-las também. 

Plataforma 

Não há dúvidas de que o caminho mais prático e seguro de trabalhar com cross border é utilizando grandes plataformas. É importante destacar, porém, que a conexão de lojistas brasileiros com mercados consumidores internacionais ainda é bastante restrita devido a questões logísticas e legais.

Entre os grandes marketplaces mundiais, você tem essa possibilidade no:

  • eBay;
  • Amazon;
  • AliExpress;
  • Shopfy.

Para atuar com dropshipping, porém, aplicativos adicionais são necessários, como o Oberlo e o Dsers.

É importante saber que existem uma série de regras e restrições para esse tipo de comércio e você deve estudá-las com calma antes de prosseguir. Outro ponto importante é que apesar das organizações intermediárias serem muito conhecidas e relativamente confiáveis, existem riscos que elas não são capazes de absorver.

Pouco controle da operação

Apesar de grandes companhias, como o Shoppe e a Shein, contribuírem para tornar o comércio cross border popular e confiável, certos estigmas persistem nas compras internacionais.

Entre as principais inseguranças dos clientes estão possíveis taxações adicionais ou problemas com eventuais trocas e devoluções de produtos. Em muitos casos, o retorno da mercadoria é inviável ou extremamente desvantajoso, mas o lojista é obrigado a reembolsar o cliente em caso de reclamação. 

Isso significa que existem riscos nessa prática e o vendedor deve estar preparado para lidar com possíveis prejuízos decorrentes de falhas no processo. Os marketplaces mais famosos têm investido em infraestrutura local para contornar esses desafios, mas ainda há um longo caminho para se garantir pleno controle e segurança no cross border.

Produto

Tendo todos esses fatores em mente, você deve definir o produto ou o nicho de mercado em que pretende atuar. Entre as diversas restrições definidas pelos marketplaces, o principal objetivo é garantir que a mercadoria entre no país de destino sem ser taxada ou que, pelo menos, se enquadre em uma tributação que não se sobreponha à margem de lucro.

De maneira geral, mercadorias de menor preço, volume e peso são as mais indicadas, além disso, existem segmentos que encontram condições facilitadas. Na Amazon, por exemplo, o comércio de livros e produtos de escritório conta com uma série de vantagens, além de muitos países, como o Brasil, não tributarem esse tipo de item.

Caso você fabrique seus produtos, também deve levar em consideração registros e liberações necessárias para o comércio internacional. Sua decisão deve ser estratégica e é sempre recomendável consultar um advogado ou contador especializado.

Novas legislações

As relações comerciais entre países diferentes podem envolver uma série de questões legais, políticas e ideológicas, até mesmo no comércio de pequenas mercadorias. É muito difícil ter uma operação inteiramente sólida e transparente, pois as legislações são diferentes e elas estão mudando em todo o mundo.

O crescimento do cross border chama a atenção de governos de vários países, especialmente no Brasil. Muito se discute sobre a fixação de regras internacionais ou a taxação de pequenas mercadorias, o que pode comprometer seriamente o desempenho da modalidade.

O lojista, portanto, também deve estar atento aos projetos governamentais e discussões públicas sobre a pauta que acontecem em todos os países em que atua ou pretende atuar. É improvável que um mercado que atingiu tamanhas dimensões deixe de crescer, mas é certo que novas legislações surgirão.

Quais são as principais vantagens do cross border?

Apesar dos desafios, não há dúvidas de que o cross border apresenta várias vantagens, seja para os lojistas, seja para os consumidores. Listamos as principais delas a seguir.

Ampliação do mercado

Por meio do cross border, os vendedores têm acesso a um novo e gigantesco mercado consumidor. E, da mesma forma, os consumidores contam com uma variedade muito maior de produtos e lojas para comparar e comprar pela internet.

Tradicionalmente, o comércio de itens locais e importados sempre se desenvolveu de maneira distante. Entretanto, dentro dos marketplaces, ofertas internacionais disputam espaço lado a lado com vendedores nacionais. 

Tudo é integrado na mesma experiência, o que favorece as vendas e aumenta a confiabilidade nesse tipo de operação. Em muitos casos, o consumidor tem a opção de comprar de um revendedor de produtos local ou comprar diretamente do fornecedor, sabendo que precisará esperar mais um pouco para conseguir um preço menor.

Logística estruturada

Outro ponto bastante favorável do cross border é que a logística internacional nunca esteve tão bem estruturada. São diversas empresas, privadas e estatais, grandes e pequenas, que garantem o transporte diário de mercadorias entre diferentes países.

Num passado não muito distante, o uso de navios no comércio de pequenos produtos era relativamente comum. Essas mercadorias pegavam “carona” em grandes cargueiros que transportavam diversos tipos de itens.

Nos últimos anos, porém, o transporte internacional é realizado predominantemente por voos. Empresas como AliExpress e Mercado Livre, por exemplo, têm até aviões privados para garantir a segurança do transporte e prazos de entrega aceitáveis.

Vantagens fiscais

Como dito, o cross border ainda acontece sem regulamentações muito claras entre os países, tendo empresas privadas na dianteira do mercado. Isso significa que muita coisa vai mudar, mas, até lá, lojistas e clientes têm algumas vantagens.

A principal delas é a isenção fiscal para um determinado número de itens ou para o valor da mercadoria, o que, teoricamente, confere plena liberdade na transação internacional de produtos.

Os incentivos variam de acordo com o país e o período. No Brasil, por exemplo, ocorrem reduções ou suspensões temporárias em impostos de determinados setores na importação. Sendo assim, vale ficar atento a possíveis janelas de oportunidades que podem viabilizar promoções.

Quais são os impactos do cross border para a economia?

Não há dúvidas de que o cross border é uma das peças que compõem o futuro do e-commerce. Em 2021, as compras internacionais cresceram 60% no Brasil em relação ao ano anterior. O faturamento total fechou em R$36,2 bilhões, segundo relatório da NIQ Ebit.

Em ritmo acelerado, a expectativa é que a modalidade cresça muito mais nos próximos anos com a expansão das parcerias e da infraestrutura das grandes plataformas intermediadoras.

O que é notável no cross border, porém, é a participação significativa de pequenas e médias empresas no comércio internacional. Isso é algo revolucionário, tendo em vista os antigos desafios financeiros e burocráticos enfrentados por lojistas para importar produtos de forma legal.

Entre as discussões sobre o tema, críticos argumentam que esse tipo de comércio ainda se sustenta em uma espécie de “arbitragem tributária internacional”, pois depende, principalmente, das isenções fiscais concedidas pelos governos.

Por outro lado, há também especialistas que são contra a tributação e defendem até limites maiores de valor, item e volume. Sob essa ótica, as vantagens de permitir o livre comércio são enormes — como a entrada de capital internacional e o crescimento do mercado e da indústria local —, por isso, justifica-se as isenções.   

O que já se pode afirmar é que o cross border marca um novo capítulo da globalização e nunca foi tão fácil fazer parte dessa história.

Quais são os produtos mais vendidos por cross border?

Para encerrar este artigo com tudo o que você precisa e quer saber sobre o assunto, listamos as principais categorias de produtos comercializados na modalidade cross border. Veja!

Itens de vestuário e acessórios

Muito populares na Shein e no Shopee, temos camisetas, blusas, calças, sapatos, bikinis, fantasias e diversos outros itens de vestuário, assim como brincos, colares e outros acessórios,

Este tipo de produto é geralmente fabricado em massa e apresenta pouco peso e volume. Isso permite que eles sejam disponibilizados de maneira ampla e por preços muito baixos, além de correrem menos riscos de serem danificados no transporte.

Produtos de saúde, beleza e higiene

Essa categoria foi muito beneficiada durante os períodos mais críticos da pandemia de COVID-19. A compra de pacotes de máscaras descartáveis, por exemplo, registrou um grande pico na época.

Após a flexibilização das medidas de isolamento, porém, o comércio desses itens seguiu relativamente estável. Produtos de saúde, beleza e higiene, de cosméticos para o dia a dia a perfumes, são frequentemente transacionados via cross border. 

Materiais de informática

Pequenos eletrônicos marcaram o início da popularização do comércio eletrônico, o que também inclui vendas internacionais. Peças de reposição e componentes de hardware, no entanto, estão entre os itens mais comprados por consumidores.

Nesse caso, a procura dos produtos se deve, em boa parte dos casos, à baixa disponibilidade deles em estabelecimentos locais. Países como China e Japão protagonizam a produção de pequenos eletrônicos e componentes.

Relógios e jóias

Entre itens de maior valor, temos relógios e até jóias importadas. Esse tipo de produto dificilmente conta com isenção fiscal, mas pode se beneficiar de outras vantagens alfandegárias por serem itens de pequeno peso e volume.

Esse mercado, porém, tem um caráter mais restrito e muitas lojas, inclusive, contam com logística própria. Infelizmente, é bastante marcado por fraudes no e-commerce, o que exige esforços extras dos lojistas em sistemas de segurança e transparência. 

Como você pôde perceber, apesar de já ser gigante, o cross border é uma modalidade de comércio ainda em consolidação. Isso significa que ele tem muito para crescer, mas também para se organizar, em termos de legislação e relações internacionais. O fato, porém, é que ele já representa uma grande oportunidade para lojistas de todos os tamanhos e segmentos.

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Por Jessica Azevedo

Graduada em Turismo e pós graduada em Marketing Digital aplicado à Tecnologia da Informação. Tem na bagagem mais de 3 anos em SEO e tem como foco levar os melhores conteúdo para quem quer conhecer mais sobre o mercado digital.

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