Moda inclusiva é uma alternativa encontrada pelas marcas para criar roupas, calçados e acessórios adequados para pessoas com deficiência ou algum comprometimento da mobilidade.
Afinal de contas: qual é o papel da moda na sociedade?
Para alguns, ela pode significar a sua identidade no mundo. Para outros, um estilo de vida. E ainda há outras pessoas que podem dizer que a moda é uma maneira de expressar a sua personalidade ou a maneira como ela enxerga o mundo ao seu redor.
A verdade é que não existe exatamente uma única resposta correta para esta pergunta.
Então, a moda é realmente isso tudo, mas também é um conjunto de opiniões, gostos, modos de agir, modo de se vestir ou de viver em coletividade.
Além disso, a moda também pode ser considerada uma maneira de expressar a sua individualidade, ao se sentir confortável e bem com o que está vestindo.
No entanto, nem todas as pessoas possuem esse privilégio.
Em muitos casos, as pessoas não conseguem usar uma roupa, pois a marca não a inclui naquele contexto. Como é o caso das roupas de tamanho único para pessoas de corpos específicos, por exemplo.
Um grupo de pessoas acaba sempre excluído dessa moda: as pessoas com deficiência ou comprometimento da mobilidade.
Por não se encaixar no padrão imposto, elas precisam optar por roupas que não são tão confortáveis, pouco personalizadas e que, provavelmente, não ajudam na sua autonomia, bem estar e autoestima.
Neste contexto, surge a moda inclusiva. Uma maneira de incluir estas pessoas, para que elas voltem a se sentir como partes ativas da sociedade e não mais como pessoas marginalizadas, sem acesso à coisas simples, como uma roupa com a cor o estilo que gosta.
No artigo a seguir, você verá o que é a moda inclusiva, o seu surgimento, a importância dela para a sociedade e quais são as principais características que a compõem. Continue lendo para saber mais!
O que é moda inclusiva?
A moda inclusiva propõe a criação de roupas, calçados e acessórios que sejam adequados e confortáveis para pessoas com deficiência, com capacidade motora reduzida ou com comprometimento da mobilidade.
A proposta da moda inclusiva é criar produtos personalizados, de acordo com as características de cada cliente, em vez de adaptar ou ajustar um produto já existente, por exemplo.
Com isso, os clientes com deficiência garantem maior conforto, bem estar e autonomia para usar as vestimentas que quiserem.
Uma ação simples como essa garante que todas as pessoas possam se sentir mias livres para usar as roupas que acharem adequadas para si, sem se preocupar se é difícil de usar, se será um desafio ou não, se vai cair bem no seu corpo, entre outros questionamentos possíveis.
Como surgiu?
No ano de 2014, durante os desfiles da New York Fashion Week, a psicóloga Danielle Sheypuk foi a primeira modelo em cadeira de rodas da história da semana de moda de New York, e uma das primeiras influenciadoras do segmento de moda de inclusiva em uma época onde as redes sociais ainda não eram tão populares como nos dias atuais.
Alguns anos depois, em 2019, a busca por marcas de moda inclusiva aumentou consideravelmente, cerca de 80% em comparação aos anos passados.
Essa evolução foi percebida pelo consumidor final, que se sentiu mais visto quando se trata de opções de vestimenta e também melhorou a relação entre este público e as marcas.
Qual a importância da inclusão na moda?
Em resumo: a moda inclusiva é uma moda que respeita todos os tipos de corpos.
Afinal de contas, movimentos que são simples para pessoas que não possuem algum tipo de deficiência ou comprometimento da capacidade motora acabam sendo mais demorados ou complicados para quem os possui.
E quando a moda entra em questão, pode acabar se tornando um empecilho para esses movimentos acontecerem.
Portanto, a moda inclusiva se torna um ponto-chave de inclusão e também de visibilidade e autonomia para pessoas com deficiência.
Para uma pessoa com deficiência visual, uma etiqueta em braille faz a diferença.
Para outra que possui mobilidade reduzida, peças com velcro ou zíper facilitam na hora de vestir.
E, de forma geral, além de ser um facilitador, a moda inclusiva também permite que as pessoas possam se sentir bem consigo mesmas, tendo a sua autoestima elevada, usar roupas que gostem, modelos, cores e tecidos que façam sentido para elas, mas sem perder a autonomia.
Veja algumas outras vantagens da moda inclusiva:
- liberdade para as pessoas que estão vestindo;
- empoderamento;
- conforto, como no caso das pessoas cadeirantes que precisam de roupas que não machuque tanto;
- autonomia;
- facilidade durante o uso.
Quais as características da moda inclusiva?
Ausência de botões
Abotoar uma camisa, calça ou casaco são ações tão simples do dia a dia que, muitas vezes, temos o hábito de ignorá-las.
No entanto, para pessoas com o comprometimento das suas funções motoras, estes podem ser grandes desafios da sua rotina, afetando a sua autonomia e autoestima.
Para tentar suprimir este desafio, algumas marcas decidiram trocar as camisas com botões por velcros, por exemplo, para facilitar o momento de se vestir..
Uso de velcros
Complementando o tópico anterior, o uso de velcros tem sido uma excelente alternativa para que as marcas adotem a moda inclusiva sem grandes problemas no desenvolvimento das peças.
Pensando nisso, eles incluíram o velcro no lugar dos botões, mas também nas mangas, para o caso de algumas pessoas optarem por dobrá-las, por exemplo, e em alguns casos também encontramos tênis com velcro e sem os cadarços.
Bolsos mais acessíveis
Diferente de outras vestimentas, a moda inclusiva prioriza os bolsos nas laterais, sem botões, que sejam maiores e facilmente acessíveis.
Desta forma, a pessoa não terá problema em guardar um objeto ou buscar algo no seu bolso.
Zíperes
Além dos velcros no lugar dos botões, algumas marcas também optaram por usar os zíperes para facilitar a autonomia durante a vestimenta.
Em alguns casos, o zíper está em um casaco, uma camisa e até em sapatos.
Braille nas etiquetas
Neste caso, a inserção do braille nas etiquetas facilita a compreensão para pessoas com deficiência visual ou baixa visão.
No entanto, além de ser uma facilidade, esta inclusão já é lei no estado do Piauí. A lei nº 7.465, de 14 de janeiro de 2021, dispõe sobre a obrigatoriedade do setor têxtil em identificar as peças de vestuário com etiquetas em braille ou outro meio acessível, que consiga informar às pessoas com deficiência visual informações sobre os cuidados, cor e tamanho das peças.
Por enquanto, esta é uma lei que se aplica apenas ao Piauí, mas que pode gerar uma multa de R$ 2.000 por descumprimento e o dobro em caso de reincidência, valor este que será revertido ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Piauí.
Cabides com informações sonoras sobre as peças de roupas
Além das facilidades anteriores, a tecnologia também está inserida nos cabides de roupas.
Neste caso, cada cabide armazena informações sonoras sobre cada peça de roupa.
Então, o usuário poderá se gravar falando as características da peça que está naquele cabide e, posteriormente, poderá escutar o áudio para ajudá-lo a escolher a roupa certa.
Esta funcionalidade ajuda pessoas com deficiência visual a escolher a roupa que preferirem, mesmo que possuam diversas camisas de cores diferentes, por exemplo.
Além de proporcionar autonomia, sem que seja necessário terceiros para ajudá-lo a se vestir.
Conforto
Por fim, porém não menos importante, a principal característica das peças que fazem parte da moda inclusiva é o conforto, permitindo que as pessoas possam se movimentar livremente, mas ainda sentirem que estão bonitas e valorizadas.
Marcas de moda inclusiva
Equal
Esta marca foi desenvolvida pela estilista Silvana Louro e tem a proposta de criar peças peças convencionais e personalizadas para pessoas com deficiência.
Por isso, a sua gama de produtos visa atender pessoas com as mais variadas necessidades, sempre com foco em conforto, anatomia e autonomia, mas sem perder o estilo.
Tommy Hilfiger
A Tommy Hilfiger é uma das marcas pioneiras quando se trata de moda inclusiva. Em 2016, a marca lançou uma coleção de roupas exclusivas para crianças com necessidades especiais e/ou deficiências.
Como a campanha fez bastante sucesso, a marca decidiu criar uma linha exclusiva para atender a este público, chamada Adaptive. Atualmente, esta linha também inclui roupas para mulheres e homens, além das crianças.
Rebirth Garments
A marca Rebirth Garments possui uma proposta um pouco diferente das demais. Além de focar na moda que inclui pessoas com deficiência, também possui uma linha de roupas focada em pessoas agênero.
Por isso, as suas peças são bastante flexíveis e adaptáveis para qualquer pessoa usar sem dificuldades.
Lado B
Por fim, temos a marca Lado B, que foi uma das primeiras marcas brasileiras a focar na produção de peças adaptadas para pessoas com deficiência.
Com o passar do tempo, a marca entendeu que as roupas precisam ser personalizadas, mas ainda funcionais, bonitas e estilosas.
Além de roupas, a marca também desenvolve acessórios, etiquetas em braile, entre outras alternativas e peças adaptadas.
Qual o futuro da moda inclusiva?
Algumas pesquisas afirmam que 63% das pessoas já deixaram de comprar ou usar uma roupa que acharam bonita, somente porque sabiam que não gostariam dela em seu corpo.
Outras 49% das pessoas disseram que uma roupa não lhe vestia bem, pois a modelagem não foi pensada para o seu tipo de corpo.
E tem mais: mais 46% das pessoas, também disseram que evitaram comprar uma roupa, pois ela era difícil de usar.
Em todos estes casos, temos o mesmo problema: a falta de inclusão.
Portanto, ser inclusivo vai muito além do óbvio. E muitas marcas já têm notado e estão investindo bastante nesse segmento de mercado.
Inclusividade é sobre abranger pessoas e os seus corpos, sejam eles: grandes, pequenos, altos, baixos, gordos, magros, preto, branco, amarelo, etc.
Este é o futuro da moda: incluir qualquer indivíduo, independentemente da sua faixa etária, identidade de gênero, sexualidade ou tamanho.
Moda e inclusão já estão andando de mãos dadas caminhando para um futuro onde este segmento enxerga a necessidade das pessoas, de maneira individualizada e personalizada, sem tratar todos como um “corpo padrão”, principalmente em uma sociedade onde a indústria da moda exerce um papel importante na vida das pessoas e possui grande influência no seu estilo de vida.
Este é um movimento recente que ainda caminha a passos de tartaruga para encontrar o seu lugar no mercado. No entanto, já nos dá uma ideia de como pode ser um futuro inclusivo e já fornece ótimos resultados por ora.
Este artigo ajudou você a entender um pouco melhor sobre a moda inclusiva e qual a sua importância na nossa sociedade? Este pode ser um excelente nicho de mercado para você atuar.